A aventura de Paz dos Reis no Brasil

 

É assim que nos finais de dezembro de 1896, Aurélio da Paz dos Reis aportava no Rio de Janeiro, com o seu Kinetographo e seus filmes.

O Jornal do Comércio de 5 de Janeiro noticiava: «Chegou ao Rio de Janeiro o Sr. Aurélio da Paz dos Reis, do Porto, que aqui vem apresentar o Kinetographo Português, projeções luminosas em tamanho natural de photografia animada. São quadros movimentados, apresentando cenas e episódios da vida portuguesa e outros de interesse universal. Apresentará também um diaphanorama colossal: quadros fixos dissolventes, de assuntos portugueses e estrangeiros. (…) O Sr. Paz dos Reis deve oferecer um serão à imprensa. Os quadros de photografia animada, assuntos portugueses, foram executados pelo apresentante em Portugal.»

A sua estreia decorria no dia 15, no Teatro Lucinda.



Contudo, o filme foi apresentado numa sessão especial à crítica do Rio de Janeiro no dia 14 de janeiro. O Gazeta de Notícias de 15 de Janeiro abordava esse assunto: «No Theatro Lucinda realizou ontem o Sr. Aurélio da Paz dos Reis uma experiencia de Kinetographo, à qual assistiram os representantes da imprensa e outras pessoas. O aparelho é engenhoso e as suas projeções luminosas sobre a tela branca são nítidas, reproduzindo costumes e tipos portugueses, paisagens, etc. A experiencia produziu o efeito desejado, sendo as figuras reproduzidas em tamanho natural e com todos os movimentos. O público terá ocasião de apreciar hoje essa maravilha e o trabalho do prestigiador José Avelino, que toma parte na função.»


No entanto, segundo os jornais da época, a sessão foi um completo fracasso. O jornal O Paíz, na sua edição de 17 de janeiro apontava diversas falhas técnicas ao afirmar: «O apresentante não conseguiu perfeita justaposição dos aparelhos de modo a impedir a trepidação que incomoda o espectador, como todo o movimento intermitente, sobretudo os luminosos que irritam o sistema nervoso.» Na mesma data, o Jornal do Comércio, depois de atacar severamente a sessão, sentenciava: «O auditório teve nímia e inacreditável tolerância não manifestando o seu desagrado.»






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