Filha dos atores Furtado Coelho e Lucinda Simões, Lucília Cândida Simões Furtado Coelho de seu nome completo, nasce no Rio de Janeiro em 2 de Abril de 1879. A sua atracão pelo teatro, deu-se aquando do regresso de sua mãe do Brasil. Como já há bastante tempo que não estavam juntas, Lucília passa acompanhar sua mãe para todo o lado, inclusive para o teatro, onde se ensaiava na altura a peça «O Casamento de Olímpia». João Rosa ensaiava a atriz Maria Falcão e Lucília assistia aos ensaios com o maior interesse. Ao reparar que essa atriz não conseguia seguir corretamente as ordens do ensaiador, Lucília enervada, começa a pensar para si mesma: «eu era capaz de fazer aquilo». Ao saber do desejo da filha, Lucinda Simões auxilia a filha para que esta se estreie no teatro. A sua estreia dá-se em 1895, em Coimbra, com a peça "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett, no papel de Maria. De seguida surge, já em Lisboa, no elenco da peça «Madame de Sans-Gêne». O êxito obtido leva-a a prosseguir. Acompanhou sua mãe numa digressão ao Brasil e, regressada a Portugal, integrou-se na Companhia do teatro D. Maria, onde se estreou com «Família Americana». Em 1897, apresentou pela primeira vez em Portugal, o dramaturgo Norueguês Ibsen, com a obra «A casa da Boneca». Um clamoroso êxito premiou o seu trabalho, mantendo-se esta peça, durante meses com lotações esgotadas, quer no nosso país, quer no Brasil. Sob o magistério de Augusto Rosa, permaneceu oito anos no Teatro D. Amélia onde contracenou com os monstros sagrados do teatro dessa época, tais como Eduardo Brazão, Ângela Pinto, Rosa Damasceno e Adelina Abranches. Em 1908 abandona o teatro. Após cerca de quinze anos de ausência do teatro, volta a reaparecer no Politeama na peça de Wilde, "Uma mulher sem importância", um dos seus grandes trabalhos. Participou ainda em inúmeras peças tais como: "Baton", de Alfredo Cortês, escrita para ela e para João Villaret, "Perdoai-nos, Senhor", de Mendonça Alves, "Fogueiras de S. João", onde o seu trabalho mereceu justamente os louvores da Crítica. Em 1923 casa-se com o actor Erico Braga, com quem funda uma companhia teatral. Interpreta magnificamente a peça "Raça" de Linhares Rivas, e entre outras "Garçonne", "Mar Alto" da autoria de António Ferro, e muita mais que aqui seria impossível enumerar todas. Em 1936, após a separação com Erico Braga, esta companhia dissolve-se e Lucília Simões vais para o Nacional substituir a sua mãe na peça "A Conspiradora", de Mendonça Alves. Na parte final da sua carreira integra o grupo teatral "Os Comediantes de Lisboa", onde dá o melhor do seu valor. Trabalhou no Brasil, onde granjeou enorme sucesso, chegando mesmo a fazer-lhe uma festa artística em sua homenagem, e também na Argentina e Montevideu. Em 1951, fez no Teatro Monumental a sua penúltima peça, «O Homem que Veio para Jantar». Em 8 de Junho de 1953, despede-se do público numa festa de despedida em sua homenagem no Teatro S. Luís. Foi agraciada com a Comenda da Ordem de Santiago. Faleceu a 8 de Junho de 1962.


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