MARIA MATOS

 

Maria de Conceição de Matos Ferreira da Silva nasce em Lisboa, a 29 de Setembro de 1891.
Estuda Piano, Canto e Arte Dramática no Conservatório de Lisboa, fazendo exame final com a peça «Rosas de Todo Ano» em 1902, escrita expressamente por Júlio Dantas. Teve como seus professores D. João da Camara, José António Moniz e Augusto Melo. No seu exame final é-lhe concedido o prémio de tragédia.

Estreia-se profissionalmente em 1907, no Teatro Nacional D. Maria II na peça Judas, de Augusto de Lacerda, onde contracena pela primeira vez com o grande ator que foi Eduardo Brazão. A crítica rende-se ao seu talento.

A roda do tempo foi passando e em 1908 é nomeada Societária do teatro D. Maria, honra que então, todos os artistas desejavam. Passa a trabalhar nesse teatro ao lado de Eduardo Brazão, Adelina Abranches e tantos outros. E coisa curiosa, embora saísse do conservatório como atriz dramática, seria como atriz cómica que iria triunfar.

Casa-se em 1913 com o actor Mendonça de Carvalho, com quem funda no Teatro Ginásio a empresa teatral Maria Matos - Mendonça de Carvalho, companhia que obteve considerável prestígio. Daí em diante, Maria Matos e o seu marido consagrariam a sua vida inteiramente ao teatro.

Ao mesmo tempo que é mãe, de Maria Helena que viria a seguir as pisadas de seus pais, Maria Matos e seu marido tomam conta do Teatro Ginásio, onde durante épocas sucessivas apresentam um reportório selecionado e que agradou bastante ao público da época. Entra assim em peças tais como: «O Senhor Roubado»; Em Boa Hora o Diga», «A Vizinha do Lado», «O Pato»; «O Comissário de Polícia»; «Menina de Chocolate» entre tantas outras que iam consolidando o seu nome de atriz.

Em 1915 é prestigiada pelo governo Português. Logo depois viaja pelo país inteiro e vai até às nossas ilhas onde alcança enorme êxito. Quando termina a 1ª Guerra mundial em 1918, Maria Matos viaja até ao Brasil com a peça «Malvalouca» onde alcança estrondoso sucesso. De regresso a Portugal, deixa o Ginásio e passa primeiro para o Politeama e depois para o Avenida. É no Avenida que Maria Matos se sentirá realizada, pois no Ginásio era sempre obrigada a fazer papéis cómicos, mas o que ela gostava mesmo era de papéis dramáticos, tais como o da peça «Malvalouca» que tinha levado ao Brasil. E será com essa peça que ela se estreia no Avenida.

Depois de «Malvalouca» duas outras peças revelariam todo o talento dramático de Maria Matos: «A Inimiga» e «A Sombra». O público delirava com a sua prestação. Seguem-se outras peças de idêntico êxito tais como: «Joana a Doida», «Escola de Mulheres», «Domador de Sogras» e tantas outras. Em 1940, é nomeada professora do Conservatório Nacional de Teatro, onde rege as cadeiras de Estética Teatral e de Arte de Dizer. Mas iria demitir-se no ano de 1945.

O cinema português não poderia ficar indiferente ao talento de Maria Matos.

Por isso em 1934, quando Leitão de Barros convida Maria Matos para participar no seu novo filme «As Pupilas do Sr. Reitor», primariamente a atriz sentiu um grande receio de enfrentar a camara. Mas após alguma insistência do realizador, ela acabou por se estrear em 1935 com este filme, onde vive o papel de criada de um médico da aldeia, onde é passado a ação do romance de Júlio Dinis. No dia seguinte à estreia os jornais publicitavam o grande sucesso da atriz.

O seu talento evidenciou-se na farsa e na comédia, géneros em que se consagrou.

No cinema participou em filmes de sucesso como As Pupilas do Sr. Reitor (1935) e Varanda dos Rouxinóis (1939) de José Leitão de Barros, O Costa do Castelo (1943) e A Menina da Rádio (1944) de Arthur Duarte em que contracenava com António Silva.

Escreveu as peças A Tia Engrácia, Direitos de Coração e Escola de Mulheres; publicou ainda Dizeres de Amor e Saudade. Após a sua morte, foram editadas As Memórias da Actriz Maria Matos, em 1955 e em 1972, o seu nome foi atribuído a um novo e agora conceituado teatro de Lisboa - o Teatro Maria Matos.
Era mãe da actriz Maria Helena Matos.
Morre em Lisboa, a 18 de Setembro de 1952.



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